segunda-feira, 28 de abril de 2014

12 músicas para enfrentar a dengue

Estou com dengue. Isso significa que, assim como muitos amigos de Campinas e região, passarei os próximos dias de molho, acompanhado pelas dores e pelo desânimo. Qual o sentido, então, de pensar em músicas para enfrentar a dengue?

 Nunca fui adepto de filosofias transcendentais-místicas-quânticas-holísticas e nem do poder das energias do cosmos. Mas se há uma coisa que realmente interfere no meu humor é a música. Assim, se sua dor de cabeça não está tão forte, recomendo uma pequena lista de músicas para alegrar seus próximos dias. São canções felizes e tranquilas que não vão acabar com os sintomas, mas certamente podem arrancar sorrisos e sensações agradáveis.

1 - Marcelo Jeneci - Pra Sonhar

Nada mais feliz que cenas reais de pessoas se casando, ao som de uma música belíssima.

2 - The Faces - Ooh La La

Letra feliz, melodia feliz e contagiante.

3 - Edu Sereno - Rotina

"Papararararara"

4 - Billie Holiday - Can't Help Lovin' Dat Man

Uma canção suave e romântica, com a sonoridade agradável dos anos 40.

5 - Edward Sharpe and the Magnetic Zeros - River of Love

Vejam essa gravação: o guitarrista tem um chapéu feito de mato. A vocalista chacoalha os braços enquanto canta. Pode haver algo mais feliz que isso?

6 - Citizen Cope - Every Waking Moment

"Every waking moment I'm alive I'm searching for you". Aliás, recomendo tudo desse cara.

7 - Silva - A Visita

Mais um artista da nova geração brasileira que mistura ritmos, estilos e instrumentos diferentes.

8 - Mutantes - Vida de Cachorro

Mutantes são legais, cachorros são legais. Uma música dos Mutantes sobre cachorros é, portanto, essencialmente feliz.

9 - Blind Melon - No Rain

Um dos clipes mais bonitinhos de todos os tempos.

10 - Edith Piaf - Je Ne Veux Pas Travailler

Afinal, quem quer trabalhar com dengue?

11 - John Butler - Losing You

Um belíssimo dueto envolvente e profundo.

12 - The Shire Theme Song - O Senhor dos Anéis

Feche os olhos e imagine-se saltitando pelas colinas do Condado. 


quarta-feira, 23 de abril de 2014

A nova geração do R&B e Soul


Quem procura por R&B e Soul no youtube em 2014 acaba encontrando, em sua maioria, vídeos de artistas de rap e hip hop. Ao longo do século XX, o Rythm & Blues sofreu diversas alterações, de modo que essa designação represente hoje um estilo completamente diferente da sonoridade que se tornou popular nos anos 50 e 60, com grande importância dos músicos negros do sul dos EUA. Neste período, o gênero foi um predecessor do rock n’ roll e mesclava estilos como o soul, o jazz, o blues e a música gospel, tornando-se consagrado nas vozes de artistas como Ray Charles, Etta James e Otis Redding (clique aqui para ver um vídeo que reúne trechos de grandes músicas desse estilo nos anos 60). Deixemos de lado, no entanto, os “rótulos”. Todo gênero musical é híbrido, heterogêneo e engloba diversas naturezas sonoras. Assim, para apreciar o R&B e o Soul, mais importante que uma designação fechada é reconhecer e se deleitar com suas marcas características: trata-se de canções românticas, com letras simples e dramáticas, melodias suaves, melancólicas e sensuais. Os arranjos, de modo geral, trazem os acordes constantes do piano, a marcação precisa da guitarra e o choro do órgão gospel. Refiro-me a esta sonoridade, a estas músicas que ouvimos de olhos fechados e com expressão de sofrimento no rosto. É a este gênero rico e diverso que me refiro quando aponto o surgimento de uma “nova geração”.


Os saudosistas, certamente, dirão que os artistas do século XXI não servem para lustrar os microfones de nomes como Aretha Franklin e Sam Cooke. Entretanto, comparações nostálgicas servem apenas para tirar o brilho de músicos contemporâneos que possuem qualidades inegáveis. Assim, desta chamada “nova geração” Soul, talvez o nome mais popular seja Amy Winehouse. Com suas letras nada ingênuas, Amy chegou ao auge com músicas que mesclavam o pop, o jazz e soul. O francês Ben L’Oncle Soul, depois de surgir com sua versão soul de “Seven Nation Army”, consolidou-se no R&B depois de assinar contrato com a gravadora americana Motown, aquela mesma que gravou com Jackson’s 5, Marvin Gaye e The Temptations nos anos 60, graças a sonoridade vintage de suas canções. Alicia Keys, com sua voz encorpada e músicas românticas acompanhadas pelo piano, representa bem o soul melancólico em sua versão pop dos últimos anos. Já a galesa Duffy, depois de surgir com o hit “Mercy”, despontou no Reino Unido com canções mais lentas e sofridas, como “Warwick Avenue”. Joss Stone, com seu visual “Janis Joplin do século XXI” e sua voz grave e poderosa, é mais uma artista que surgiu com covers de soul music antes de se tornar um sucesso. Por sua vez, o canadense Michael Bublé, no início dos anos 2000, colocou novamente em evidência a sonoridade do R&B ao som das Big Bands de jazz e swing dos anos 40, em uma nova roupagem pop.

Ray Charles, Etta James, Aretha Franklin e Otis Redding:
 nomes consagrados do R&B e do Soul dos anos 60

É perceptível, nesses últimos anos, a tendência de uma retomada de sonoridades nostálgicas, mas com elementos contemporâneos. Paloma Faith, com seu visual extravagante que parece ter saído de um filme de Tim Burton, mescla a voz com timbre grave e característica do soul com sintetizadores, efeitos e batidas eletrônicas. A representante brasileira desta “nova geração” é CéU, que mistura o R&B com a MPB e Bossa Nova. Já o havaiano Bruno Mars, em meio aos inúmeros hits de sucesso mundial, possui canções incríveis com fortíssima influência do R&B, como “If I Knew” e “Gorilla”, com exibições ao vivo invejáveis. A portuguesa Aurea expressa, com a canção “Busy for me”, a essência do R&B dos anos 50: a sensualidade do arranjo, a voz encorpada e a temática simples e melancólica, No clipe, a intérprete aparece aos prantos enquanto canta: “Eu tentei te ligar, mas você não atendeu”. Beyoncé, obviamente, é conhecida por ser uma diva do pop. No entanto, sua caracterização de Etta James, para o filme Cadillac Records, de 2008, trouxe novamente à tona os sucessos da Rainha do Soul, com regravações incríveis. John Mayer, além de suas inegáveis qualidades como guitarrista, mescla o pop e o blues, com a batida característica do soul dos anos 60. Na versão ao vivo de “Gravity”, por exemplo, o americano toca trechos de “I’ve got dreams to remember”, de Otis Redding.
Por fim, nota-se, nessa chamada “nova geração”, uma retomada do R&B e do soul dos anos 50 e 60, tanto no visual quanto na sonoridade melancólica, dramática e sensual. Enquanto nos anos 50 esse estilo era um tanto quanto restrito aos negros dos EUA, hoje se percebe uma diversificação em sua produção. Há também, sem dúvidas, uma nova roupagem pop dos tempos atuais para esse estilo, mas que não tira o brilho das belas canções. Para aqueles que apreciam ou gostariam de conhecer mais desse estilo, deixo aqui uma lista de reprodução com uma seleção das minhas músicas favoritas com essa batida romântica e melancólica, e alguns dos diversos subgêneros contemporâneos.